15.10.10

Magistral

Não pretendo transformar esse humilde espaço que trata da estética das coisas em um blog político, podem ficar calmos. Já existem outros por aí com gente no comando muito mais qualificada para tratar do assunto do que eu, basta procurar.

Mas às vezes o mundo conspira a favor de um post. Hoje, neste 15 de outubro de 2010, tive o prazer de encontrar uma seqüencia de vídeos da grande professora Marilena Chauí. É uma aula magistral.

Não tinha como não postar.

Para quem deseja pular sumariamente a política e cair logo na filosofia, um pouco de Deleuze (já repararam que eu a-m-o o Abecedário, né?):

"O termo aula magistral é o usado nas universidades. Temos de buscar outro termo. Acho que existem duas concepções de aula: uma concepção segundo a qual uma aula tem como objetivo obter reações imediatas de um público sob forma de perguntas e interrupções. É uma corrente, uma concepção de aula. E há a concepção dita magistral, do professor que fala. Não é uma questão de preferência, não tenho escolha. Sempre usei a segunda, a concepção dita magistral. É preciso achar outro termo porque... Digamos que é mais uma concepção musical. Para mim, uma aula é... Não interrompemos a música, seja ela boa ou ruim. Interrompemos se ela é muito ruim. Não interrompemos a música, mas podemos muito bem interromper palavras. O que significa uma concepção musical de aula? Acho que são duas coisas, na minha experiência, sem dizer que essa é a melhor concepção. É o meu modo de ver as coisas. Conhecendo um público, o que foi meu público, penso: "Sempre tem alguém que não entende na hora. E há o que chamamos de efeito retardado". Também é como na música. Na hora, você não entende um movimento, mas, três minutos depois, aquilo se torna claro porque algo aconteceu nesse ínterim. Uma aula pode ter efeito retardado. Podemos não entender nada na hora e, dez minutos depois, tudo se esclarece. Há um efeito retroativo. Se ele já interrompeu... É por isso que as interrupções e perguntas me parecem tolas. Você pergunta porque não entende, mas basta esperar."

Uma concepção musical de aula: très deleuziano!

8.10.10

Rápido e rasteiro

Para desopilar o fígado, um pouco de Antônio Nássara, cartunista, "logotipador" de gente e compositor brilhante:

Bônus surpresa!

Para encantar os ouvidos: "Meu consolo é você", gravação original de 1938.


6.10.10

A saga dos sisos

Ontem, depois de anos de adiamento e medo, não necessariamente nessa ordem, finalmente tirei meus quatro sisos.

Dr. Sérgio, o cirugião oral e maxilofacial responsável pela façanha, examinou minha panorâmica pela primeira vez e não disse nada. Eu esperava uma interjeição, uma palavra de incentivo, mas ao invés disso, silêncio. Fiquei apreensiva. Senti que ele esperava um resultado diferente.

Então tive que perguntar, desconfiada:

- E aí?

Ele jogou a radiografia mais uma vez contra a luz e finalmente disse, animado:

- Já tirei piores!

***

Meu siso direito inferior (segundo ele, o mais gordinho de todos), foi o que deu mais trabalho.

Confesso que já estava perdendo a paciência com aquele dente mastodôntico curiosamente encostado em um nervo elusivo e “incomum” que se recusava a ser achado e anestesiado. Dr. Sérgio, ao contrário, pacientemente examinava o dente à procura daquele nervinho misterioso. Depois de encontrado e posto para dormir, foi hora de cortar o siso em pedacinhos e extraí-lo aos poucos.

Durante esse processo, que exigiu serenidade de Riponche de mim, muito mais por instinto do que por falta de controle ou de resistência à dor (as pernas tremem mesmo, tive que segurar na cabeça: “Pára com isso! Você não está na mata, está em um consultório com um médico competente!”), juro que pensei que aquele homem estava sendo mal pago. Dez milhões de dinheiros para ele, por favor! “Já tirei piores”... Não quero nem imaginar.

Duas horas depois já estava sem os quatro sisos, mordendo duas gazes, uma de cada lado do maxilar, indo para casa como sósia do Kiko ou do poderoso chefão de Marlon Brando.

***

Agradeço a ele não só o trabalho (bem) feito na minha boca, mas também por ter dito que eu “não pareço fresca”. Foi uma observação perspicaz, eu realmente não sou.

Mas algumas pessoas que às vezes têm má vontade em relação a mim já me rotulam de fresca. Será que é porque sou pálida, tenho olhos azuis e falo baixo? Além de tudo isso está uma pessoa de caráter.

***

Você sabe por que nossos sisos não nascem direito? Porque não há mais espaço na arcada dentária de um ser humano contemporâneo para essas joças.

Os sisos servem para mastigar carne crua, e agora me diga, qual foi a última vez que você comeu carne crua? (e não estou me referindo a um steak tartare...) Pois é.

A nossa sábia natureza vai seguindo seu rumo à darwiniana e tirando o espaço deles na boca. Alguns nobres seres evoluídos já nascem sem os sisos e esse é o futuro.

Nada de cirurgia bucomaxilofacial para os bons mutantes do amanhã!

***

Agora estou aos cuidados do Namorido, que marca mais rápido e cerrado do que Thiago Silva no cangote de um atacante arisco. Está tomando conta de mim com um afinco e carinho extraordinários. Desse jeito vou me recupar em três dias.

Mando a ele beijinhos virtuais porque os reais não posso dar!

***

Agradeço aos meus pais também, sempre muito afetuosos e preocupados.

***

Não há nada novo no blog desde o dia 30 de setembro por questões de trabalho. Quando os prazos aliviarem, volto com força total! Ando mais no twitter agora (porque consigo acessar rápido do celular), quem quiser trocar idéias é só bater uma linha para @blogmaravilhas.

Beijocas sem sisos a todos que comentaram o post anterior!

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